Criptomoedas

Um dia, as criptomoedas já não nos assustam.

Bitcoin, Ripple, Tezos, Ethereum…Apesar de o dinheiro virtual estar a desenvolver-se de forma constante desde o início de 2010, este continua a ser um domínio de poucos. No entanto, graças a conhecidos e influentes stakeholders que têm atuado como os principais impulsionadores, tudo pode estar a mudar. Está a nossa relação com o dinheiro prestes a ser abalada? Talvez…

 

Do que estamos a falar?

Em 2019, haverá nada menos que 2,870 criptomoedas em circulação em todo o mundo, representando €246 mil milhões de euros. Num ano, o número escalou em mais de 50% e o seu valor aumentou em quase 35% (Fonte: Instituto Nacional do Consumidor de França). Não surpreende, por isso, que as instituições e as empresas estejam a observar de perto as criptomoedas. Suportadas pela tecnologia de blockchain, aportam diversas vantagens no que diz respeito a segurança, transparência e acessibilidade, eliminando os intermediários.

 

Libra, dinheiro ‘Made in Facebook’.

Lançada com considerável atenção mediática em 2009 e apoiada pelo grupo de Mark Zuckerberg, bem como por parceiros como a Mastercard, a Spotify e a Uber, a criptomoeda Libra prevê, de acordo com o seu website, “tornar-se na moeda de uma economia global transformada, com o objetivo capacitar milhares de milhões de pessoas”. Esta nova moeda visa dar resposta a uma necessidade crescente de trocar dinheiro (1.7 mil milhões de pessoas não têm acesso a serviços bancários e 85% das transações em todo o mundo são efetuadas em dinheiro), acelerar pagamentos e, sobretudo, reduzir significativamente os custos de transferências bancárias. A verdade é que não tem sido fácil convencer os diversos intervenientes, a começar pelos governos.

 

O meu dinheiro! O meu dinheiro!

Entre os principais receios está, claro, a perda de controlo sobre o dinheiro e tudo o que lhe está associado (políticas económicas, soberania nacional e muito mais), bem como a proteção de dados. Porque, por detrás do dinheiro, está o que fazemos com ele. Se o dinheiro dá lugar às moedas virtuais, criadas por stakeholders privados, e se estas partes interessadas podem depois rastrear todas as compras – até as mais mundanas – como garantir que os dados não são utilizados para fins relacionados com o marketing? Por agora, o lançamento da Libra foi adiado e nada indica que as criptomoedas “governamentais” estejam no horizonte. E, desta vez, o argumento da perda de soberania não irá resultar.

Ideia Central

As criptomoedas estão a aparecer em força e já não são vistas como algo ligado a atividades ilícitas. Um forte indicador: algumas ONGs e as suas instituições de solidariedade estão a recolher doações em criptomoedas. Não surpreende que estejam a ganhar terreno nas mentes das pessoas. E se, amanhã, no terminal de pagamento, além de escolher “débito” ou crédito” houver uma terceira opção: “cripto-dinheiro”?