Despensas Solidárias
Um dia, é mais fácil doar do que deitar fora.
A cada dia que passa, mais de 800 milhões de pessoas em todo o mundo passam fome. E não apenas em países pobres ou em desenvolvimento. Estima-se que, na Europa, perto de 40 milhões de pessoas não tenham acesso à ingestão diária da dose recomendada de calorias (2000 calorias). Apesar de muitas startups estarem a apostar no combate ao desperdício, existem diversas iniciativas de cariz solidário e sem fins lucrativos, como a Little Free Pantry, que estão a emergir.
Despensas éticas e self-service.
Tudo começou com as bibliotecas gratuitas (Little Free Libraries), nos EUA, que surgiram em parques e noutros locais públicos, onde as pessoas começaram a deixar os livros que já tinham lido e a levantar outros, numa troca constante. Sem monitorização de qualquer género, estes espaços funcionam com base na boa vontade e no respeito mútuo por parte de todos os utilizadores. Inspirados pelo sucesso destas bibliotecas, os americanos voltaram a tentar este conceito, mas desta vez com comida.
É gratuito e open source.
O conceito nasceu no Arkansas, em 2016, quando uma mãe de 44 anos ficou surpreendida com o frenesim em torno dos livros gratuitos e pensou em transpor a ideia para os alimentos. Pelas suas mãos nasceu a primeira despensa alimentar gratuita, onde todas as pessoas podiam deixar alimentos e fazer stock. Depois de explicar nas redes sociais o funcionamento deste sistema e de criar um website específico, tudo começou a ganhar outra dimensão.
Mais de 600 “Little Free Pantries” nos EUA.
Em apenas poucos meses, o movimento espalhou-se pelo país e as despensas artesanais surgiram de forma espontânea nas ruas. Os designs estão disponíveis em littlefreepantry.org e existem até mesmo kits de “faça você mesmo”, disponíveis na Amazon. Com o tempo, a oferta diversificou-se e passou a ser possível encontrar artigos de higiene, como pasta de dentes e champô.
Solidariedade e respeito.
Verdadeiramente impressionante é o facto de, ao contrário do que se possa inicialmente ter pensado, estas despensas self-service não supervisionadas serem autorreguladas (são periodicamente reabastecidas e esvaziadas), não se tendo registado até agora roubos ou atos de vandalismo. As despensas são respeitadas e, sobretudo, unem comunidades inteiras em torno de valores de solidariedade, de partilha e de recusa do desperdício. Por isso, amanhã, ao invés de deitarmos latas de comida para o lixo, porque não entregá-las numa despensa solidária ao fundo da rua?
Crédito foto: Pantry
Ideia Central
Com as despensas self-service nos EUA, no Canadá e na Holanda, pessoas mais necessitadas têm a oportunidade de se alimentar, beneficiando dos excedentes comunitários. A ação é 100% altruísta, local e tangível. Ao que parece, irá espalhar-se pelo mundo inteiro. E se as marcas de retalho encontrassem uma forma de descartar os produtos não vendidos e de fortalecer a sua posição no coração das comunidades locais?