Ficar Em Casa

Um dia, conseguimos fazer tudo sem sair de casa.

Durante o confinamento, nunca este conceito foi tão apropriado. Em apenas algumas semanas, biliões de nós tiveram de ficar em casa, redescobrir o espaço onde vivemos e tudo o que aí se faz: trabalhar, cozinhar, relaxar, ler, passar tempo em família, reunir com os amigos... e todos estes comportamentos moldarão novos mercados.

 

Já ouviu falar em Hygge ou em como se pode cultivar a felicidade em casa?

Todos nós sabemos o prazer que é ficar em casa. Nalguns países isto até foi elevado a arte: a arte de saber viver. Foi o que aconteceu na Dinamarca, a terra natal do Hygge (pronunciado Hou-Ga), cuja tradução é ‘a busca constante pelo prazer de estar em casa’.

Colchões, móveis casulo, materiais naturais e velas. Estes são os componentes essenciais de qualquer decoração de interiores dinamarquesa respeitável, que é propícia à criação de atmosferas calmas e suaves. E será que funciona? Sim, talvez até mais do que pode imaginar! Afinal, a Dinamarca ficou em segundo lugar no Relatório da Felicidade Mundial de 2019, que conta com um ranking de 156 países que medem a felicidade de acordo com diferentes critérios, como PIB per capita, segurança social, esperança de vida e liberdade. E o movimento é, agora, parte de uma mania global, o motor de uma nova economia: um estilo de vida caseiro ou de ficar em casa. 

 

Os Millennials preferem ficar em casa.

‘Ficar em casa é a nova forma de sair’. Esta frase resume bem como se posiciona este movimento junto das populações que mais tendências criam. Sem dúvida, um número basta para resumir o que isto significa: de acordo com o relatório publicado em janeiro nos EUA, os millennials passam, em média, mais 70% de tempo em casa do que o resto da população.

Um fator que afeta inevitavelmente a sua forma de consumir e que não passou despercebido das marcas, que se adaptaram e estão a fazer o que podem para o encorajar.

 

Ficar em casa, um mercado crescente.

Equipamento de alta tecnologia, TV, altifalantes, e tudo o que for relacionado com jogos de consola (desde que foi decretado o confinamento as vendas de vídeo-jogos deram um salto – apenas nas lojas AUCHAN – de 400%) estão entre os principais players deste nicho. Mas os vendedores de colchões, como a TEDIBER, a CASPER e a EMMA, também contribuíram para o conforto e bem-estar doméstico fazendo das suas lojas online o seu principal ponto-de-venda (na CASPER o grito matinal por ‘só mais 5 minutos!’ tornou-se em ‘só mais 500 minutos!). Sem esquecer a roupa confortável de andar por casa, os produtos de beleza e bem-estar, para além das plataformas de entretenimento e de serviços (vídeo on demand, podcasts, cursos online...) e os escritórios em casa.

 

Entregas em todo o lado, de tudo.

Do outro lado do Atlântico já foi estimado que cerca de metade de todas as refeições compradas em restaurantes são consumidas em casa. É um movimento que vai na mesma direção da maior parte das vendas de take away e de entregas, que está a ganhar terreno em todo o lado. Depois da compra de refeições e das compras de supermercado, agora já é possível a entrega de snacks e aperitivos para acompanhar os serões de divertidas vídeo-chamadas com a família ou amigos, ou até para os serões passados a assistir compulsivamente a séries das plataformas de streaming. A NETFLIX, que já lidera o caminho, e que tem todo o interesse em manter-nos em casa, já estabeleceu diversas parcerias com este tipo de fornecedores.


E se a Covid-19 tiver criado novas oportunidades de negócio?

Já estamos a ver isto acontecer. Por um lado, nenhum setor foi poupado, por outro, os consumidores tiveram de aprender novos hábitos, e alguns, tiveram de mudar rapidamente para os bens e serviços da economia digital (com a teleconsulta a saltar à vista). Desta forma, ajudará a Covid-19 a fazer emergir a longo prazo novos mercados e necessidades de comércio? Sem dúvida. Porá em risco os intervenientes que terão mais dificuldade em fazer chegar os seus produtos e serviços aos consumidores? Talvez... a menos que estes empresários sejam capazes de proporcionar novas experiências que farão toda a gente querer sair das suas casas.

Ideia Central

Serviços de vídeo on demand, retransmissão de concertos, tours virtuais a museus, desporto ou aulas de ioga online, aplicações de vídeo-chamadas para sociabilizar, entregas. Com o confinamento, o digital revelou novas formas de fazer coisas e reforçou algumas das antigas que poderão durar para lá desta crise e talvez, até, inspirar novos mercados e comerciantes.