Moda Verde
Um dia, ser verde está na moda.
Face à escassez de recursos (só a indústria de moda representa 20% de desperdício de água e 10% das emissões de carbono em todo o mundo) e a uma consciencialização mundial crescente (depois da “Flygskam”, expressão que em sueco designa a vergonha de viajar de avião, aí está a “Kopskam”, a vergonha de comprar produtos em primeira mão), a indústria têxtil não tem outra escolha a não ser reinventar-se.
Pacto de Moda: mobilização global!
Em França, durante a G7, foi assinado o Pacto de Moda, que impressiona devido ao número e à qualidade dos seus signatários: marcas de luxo (KERING, HERMÈS, CHANEL, PRADA), campeões do “Fast Fashion” (H&M, ZARA, GAP), marcas desportivas (PUMA, ADIDAS, NIKE) e distribuidores (JULES, PIMKIE, LA REDOUTE). Nada mais, nada menos que 32 grupos gigantes (que representam 150 marcas) comprometeram-se a seguir esta abordagem ética.
Da agenda constam: uma redução das emissões de carbono; o desenvolvimento de energias renováveis; parcerias com produtores que respeitem o ambiente; a eliminação do plástico descartável.
Um programa ambicioso que daqui a uns anos pode mudar toda a cadeia de valor desta indústria.
Compromisso pessoal.
Porque ainda compramos roupa nova? Quando confrontados com esta pergunta, milhões de consumidores encontraram aplicações de venda e compra em segunda mão que oferecem uma alternativa real. VESTIAIRE COLLECTIVE, TROC VESTIAIRE, VIDE DRESSING...sem esquecer a VINTED. A VINTED, com presença em cerca de 10 países, tem sido um verdadeiro sucesso por onde tem passado. Todos os dias, mais de 23.000 contas são criadas e 400.000 artigos são postos à venda. É uma fonte que os retalhistas estão a tentar alcançar através do desenvolvimento dos seus próprios sistemas de venda e compra em segunda mão. A CYRILLUS e a CAMAÏEU estão a disponibilizar, online e nas suas lojas, peças que não se limitam às coleções, que são certificadas do ponto de vista da qualidade e que podem ser adquiridas com pagamento seguro.
O que ganham com isto? Uma nova maneira de gerar tráfego.
O que reserva o futuro?
Quais as novas tendências? Roupas guardadas durante 30 anos, como a TOM CRIDLAND? Ou alugadas, como tem vindo a ser testado pela H&M em Estocolmo? Ou arranjadas, como acontece com a PATAGONIA? E porque não feitas pelos próprios consumidores? Se o Do It Yourself (DIY) é uma tendência a todo o vapor em muitos setores (lar, alimentar…), porque não sê-lo na moda? Novos players como a WE ARE KNITTERS ou a WOOL AND THE GANG estão a promover um renovado gosto pelo tricô ao disponibilizar lãs em kits e com padrões e cores que estão na moda. Na primavera passada, a PHILDAR, consagrado distribuidor, lançou um algodão orgânico certificado em conjunto com os seus detergentes para lãs, com origem na Provença e 95% biodegradável. E se fosse esse o futuro da moda? Tornar produtos de elevada qualidade mais acessíveis para que possamos fazer as nossas próprias roupas, ao nosso próprio estilo?
Ideia Central
A indústria da moda permite-nos desenvolver um sentido de individualidade, no entanto já não é aceitável fazê-lo às custas de outras pessoas ou do planeta. Compromisso sustentável, novas formas de fazer negócio, visão a longo prazo… Estas são as ideias que realmente estão na moda.
“Menos” será verdadeiramente “mais”, no futuro.