Seguros GAFA
Um dia, os GAFA (Google, Amazon, Facebook e Apple) são a minha seguradora.
Os indicadores não mentem: 80% dos millennials não se importariam de recorrer à Google, à Amazon, ao Facebook ou à Apple (os GAFA) para fazer um seguro (Fonte: Relatório Bain & Company, 2018). Uma percentagem impressionante, mas não propriamente surpreendente…
Uma nova disrupção à vista?
Como em muitos setores, a relação com o cliente é a chave. No entanto, é por demais evidente que no atual ecossistema das seguradoras este relacionamento tem sido mal gerido. Com a renovação tácita de contratos, os pontos de contacto são pouco frequentes. E, quando ocorrem, acontecem quase sempre em circunstâncias difíceis (em caso de perda ou dano, ou até mesmo de acidente).
Seguro ou prevenção?
Com o crescimento do número de dispositivos conectados para o lar e a saúde, a própria base do seguro – cobrir custos de sinistros – pode ser mal utilizada.
Em 2014, a Google comprou a Nest, empresa especializada em termóstatos conectados e em detetores de fumo, por mais de 3 mil milhões de dólares. Quando o fez, enviou uma mensagem clara: os gigantes tecnológicos querem estar nas nossas casas (e recolher os nossos dados pessoais). Desde então, este ecossistema está a crescer a um ritmo acelerado. O último Apple Watch consegue detetar fibrilações cardíacas (sintoma inicial de um ataque cardíaco que se manifesta em quem pratica corrida). A Amazon, por sua vez, tem vindo a estabelecer parcerias com seguradoras, tanto nos EUA como na Europa. Em França, a Amazon Pay aliou-se à Aviva para possibilitar reivindicações de seguro de forma instantânea. Felizmente, não tivemos de esperar muito por uma reação…
Seguradores a enveredar pelo digital.
Conscientes da ameaça, um número crescente de seguradoras decidiram tomar uma atitude. A Axa foi uma das primeiras a disponibilizar soluções conectadas para proteger e gerir a casa. Assaltos, inundações, incêndios: em tempo real, o tomador do seguro é informado do que se passa em sua casa. Uma ferramenta que tranquiliza o proprietário e que beneficia o seu orçamento, já que permite monitorizar e poupar. Mais recentemente, seguradoras como a Allianz estão a interessar-se pela mobilidade. De que forma? Através de uma “connected box” para o automóvel, que analisa a nossa condução em tempo real ao longo do ano. Se os dados recolhidos demonstrarem que praticamos uma condução responsável e segura (no que diz respeito às regras de trânsito e ao meio ambiente), os prémios do seguro podem ser reduzidos em 30%! No futuro, quem lidera a gestão e a prevenção das nossas perdas: as seguradoras ou os GAFA? Ainda ninguém sabe ao certo. Talvez decidam unir forças.
Ideia Central
As companhias de seguro têm boas razões para se preocuparem com o apetite insaciável dos GAFA e com o seu “know-how” no que diz respeito à relação com o cliente e aos dispositivos conectados. Mas estas seguradoras estão a abraçar a transformação digital e têm conhecimento de mercado que os gigantes da internet podem estar a perder. Além do mais, os seguros online não são a primeira escolha do consumidor: quando as interações são 100% digitais durante um pedido de reembolso, a avaliação é sempre negativa (Fonte: Relatório Bain & Company, 2018). O contacto humano continua a ser um claro favorito. O que é reconfortante.